Cyberpunk Brasil
Atenção: Essa é uma obra de ficção. O objetivo é criar um cenário de RPG, localizado num futuro distópico no Brasil (e América do Sul), utilizando o conteúdo do RPG Cyberpunk.
“Cyberpunk was a warning, not an aspiration”. Mike Pondmisth
Antes de tudo
O foco inicial será São Paulo, dado que é a cidade que mais conheço e das pessoas que jogarão comigo. Será utilizado o material a partir do Cyberpunk original (1988), denominado 2013, passando pelos retcons e a v2 do 2020, Cyberpunk Red, até o conteúdo de 2077. Este post será atualizado constantemente, conforme o universo base se expande.
Antes que vossas lágrimas vertam e seu ódio comece a fluir nos comentários, é bom lembrar que a crítica social é um dos pilares do Cyberpunk. Reforço isso, numa época em que “roqueiros” esquecem que as letras de Rock’n’Roll, em sua maioria, eram de rebeldia contra a opressão da sociedade e governo, em que “universitários” não possuem compreensão de texto, e “guerreiros da liberdade” gritam pela volta da ditadura nas ruas. Caso eu agrida seu político de estimação, sugiro que faça o mesmo: elabore o seu próprio cenário. O choro (e a liberdade de expressão sob a CF 1988) é livre.
Visão geral
“I personally consider Rio and Sao Paulo to be the most cyberpunk cities I’ve ever been in. And I’ve been in a lot of cities”.
“I actually love Rio and SP. And I have lots of friends in both cities. But that doesn’t blind me to the fact that they are both dangerous and edge-living cities. I remember when I was last flying out of Rio, I turned on the local TV news and saw the local favela gangs were fighting the Policia Militare with rocket launchers. It doesn’t get much more cyberpunk than that.”
Numa frase: “High tech, low life”.
Resumão: um futuro distópico (que deu ruim), a desigualdade social é gigantesca, tecnologia no dia-a-dia (implantes, carros voadores, AIs), opressão pelos governos e mundo governado por gigantescas corporações (Mega corps). Tipo GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft).
“Cyberpunk é o“paraíso” anarco-capitalista, onde a mão do mercado é de metal com lasers e, se você se esforçar, talvez possa ir pra praia“, este autor.
Se você não sabe o que é Cyberpunk, dá uma lida em https://en.wikipedia.org/wiki/Cyberpunk.
Brasil, 2077
Dada a automação repentina e AIs que realizam até trabalhos criativos, o Brasil não precisa mais de mão-de-obra. Através dos killsats, câmeras, GPSs, e demais dispositivos eletrônicos gerando dados de observação para o governo, não há mais como se esconder. Esse “big data” é analisado constantemente pelas AIs do governo.
A única coisa que não é permitida à automação é a gestão, sendo mais direto, o poder. O poder sobre outros e sobre a tecnologia é exercido por seres humanos, cuja humanidade é questionável e é o que garante a existência de alguns corps. Não ouse dizer coisas em público como direitos humanos, CLT, renda universal, educação ou SUS; isso tudo acabou ou nunca foi considerado, e você será executado na rua pelas equipes de MaxTac M.O.R.O.S. (uma variação dos juízes Dredd, em alguns lugares do NUSA).
O quinto maior país do mundo vive mais um enorme oxímoro: tendo a Mega Corp Arasaka do Japão como aliada, vive uma ditadura sulamericana, num processo de auto colonização dos NUSA (nusaficação) nunca antes visto. O idioma oficial é o inglês, sendo o português agora uma língua secundária e “para cultos e nacionalistas”. Ser patriota é ser brasileiro, mas aspirando ser NUSA.
É governado pelo Messias, patriarca da dinastia Messiânica, iniciada em 2019. Se a Arasaka tem Saburo Arasaka como imortal, o Brasil tem o mesmo imperador há mais de 60 anos. Seus filhos ocupam os ministérios do Amor (repressão militar, responsável pelo extermínio sistemático de qualquer oposição), da Família (contra aborto, responsável pela esterilização de pobres), da Liberdade (única mídia oficial, de propaganda ufanista) e de Deus (única religião autorizada no país, cujo símbolo é um Messias metralhando um bandido numa cruz, representando o amor).
Rio de Janeiro é uma gigantesca favela, em ruínas, num demorado processo de recuperação, por causa da Quarta Corp War, entre 2021 e 2023. Isso não impede as Mega Plataformas na região costeira, resort para os mega ricos, afastada e fortemente protegida.
São Paulo é uma Mega City, onde uma área conhecida como centro expandido, o Corpo Center, é separada do mundo externo (periferia) pelos antigos rios (hoje depósitos de lixo tóxico) e seus enormes muros.
Brasília é uma gigantesca fortaleza construída pela Arasaka, depois da maior guerra civíl do país e do Grande Expurgo Dos Vermelhos, em 2022.
A Amazônia foi “alugada” à Arasaka,servindo como área de treinamento, pesquisa, e resort exótico para os mega ricos, dado que os últimos animais do continente Americano agora são cultivados e vendidos em leilões exorbitantes. Profetizado por um dos primeiros e mais lendários rockerboys “é tudo free, vamo embora, dar lugar pros gringo entrá”.
São Paulo
Entre o Vão e os Jardins.
Não existe mais corrupção ou desigualdade social. Bom, pelo menos no Mega Centro, onde os institutos do governo “colhem” os dados.
Governado por um corp aristocrata fantoche, cuja narrativa é ser “ex-aliado” do grande Messias. Seu “grande feito” foi a construção do muro, a expulsão forçada de qualquer pessoa que não possuísse CNPJ para a periferia, e o extermínio dos Crackers, moradores de rua com implantes que deveriam evitar o vício em drogas, mas foram acometidos por um “erro” no cyber implante, levando a uma explosão de cyber psicose.
Ou você é um corp (conhecido nas ruas como CNPJ, ou PJ) ou você é um mero CPF. Isso para o Mega Centro, já que a massa da população (agora nomads) não possui mais CPF.
O antigo centro expandido é separado do restante da cidade (e do mundo) por enormes muros guaritados, que margeiam os antigos rios. Os rios são algo muito além de água, sendo depósitos de resíduos tóxicos de Mega Corps. Alguns dizem que seria uma “barreira construída incidentalmente contra pobres”, além dos muros.
A cidade é basicamente uma enorme divisão vertical: a partir de 10 km de altitude fica a região conhecida como Jardins de Elísio (apenas Jardins), onde a nata corp vive em torres gigantescas. Abaixo disso fica o Vão, onde o Sol nunca mais tocou, é uma espécie de “vão do minhocão em dia de chuva à noite”, que se estende por todo Mega Centro.
A massa sobrevive entre pequenos negócios, aspirando ser CNPJs de sucesso e, eventualmente, atingir “o sonho paulistano”: ascender aos Jardins. Barracas de comidas, pequenos serviços, artesanato e música são a maioria dos CNPJS do Vão.
É comum que se more na mesma barraca ou van onde você pratica seu CNPJ, 24 x 7. A concorrência é gigantesca, e tirar folga é considerado preguiça, um dos 7 pecados. “Não durma” é o novo “trabalhe enquanto eles dormem”.
A lei é praticada ostensivamente nos Jardins. Já no Vão, a lei é a rua. Os perigos vão desde uma concorrência brutal do seu vizinho, passando por atos de brutalização gratuita dos MOROS, até os lendários encontros com o Crackers sobreviventes. A expectativa de vida no Vão é de 30 anos.
“O Vão não dá brechas”, é o que dizem. Se sobreviver sob esse grande teto de concreto, talvez ache uma passagem para uma vida digna, para você e para os outros.
Setup inicial
Realidade crua, estilo Cidade de Deus, Tropa de Elite, ou qualquer música dos Racionais.
As 3 bases do Cyberpunk:
- Style over Substance: It doesn’t matter how well you do something, as long as you look good doing it. If you’re going to blow it, make sure you look like planned it that way. Normally, clothes and looks don’t matter in a adventure — in this world, having a leather armor jacket and mirrorshades is a serious consideration.
- Attitude is Everything: It’s truth. Think dangerous; be dangerous. Think weak; be weak. Remember, everyone in the 2000’s is carrying lots of lethal hardware and high-tech enhancements. They won’t be impressed by you new H&K smartgun unless you swagger into the club looking like you know how to use it — and are just itching for an excuse.
- Live on the Edge: The Edge is that nebulous zone where risk takes and highriders go. On the Edge, you’ll risk your cash, your rep, even your life on something as vague as a principle or a big score. As a cyberpunk, you want to be the action, start the rebellion, light the fire. Join great causes and fight for big issues. Never drive slow when you can drive fast. Throw yourself up against danger and take it head on. Never play too safe. Stay committed to the Edge.
- Break the rules.
Seu personagem
Role um D6. Você começa:
- 1 a 5: filhos de CNPJ do Vão ou um nomad da periferia além dos Muros. Todas as life paths, menos corp. Em sua maioria, street kids, cops, solos, talvez mais velho seja um fixer. Raramente netrunner, tech, rockerboy ou media, docs (2077: ripperdoc), cops.
- 6: um corp de família decadente, no nível entre o Vão e os Jardins. E a raridade de life paths é o inverso do vão.
Caso queira fazer um corp do vão: obrigatoriamente ser apoiador do gov corp de SP e me convencer com uma história de personagem.
TODO
- Bairros principais e gangues;
- Descrever o além do Muro (estilo da ponte pra cá);
- Encaixar COVID.